sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A morte do Bom Senso!


Hoje, fui a enterrar um querido e velho amigo.

O Bom Senso com quem convivemos tantos anos.

Ninguém sabe exatamente quantos anos tinha, já que a sua Certidão
de Nascimento se perdeu nas gavetas da Burocracia. Será recordado pelas valiosas
lições que nos deixou, tais como: Saber quando sair da chuva; O porquê do
pássaro madrugador não passar fome; A vida não é sempre justa; E talvez a culpa
fosse minha.

O Bom Senso vivia segundo sólidos princípios (não gastes mais do que ganhas),e normas confiáveis (quem manda são os adultos e não as crianças).
A sua saúde começou a deteriorar-se quando regulamentos bem
intencionados mas ditatoriais foram implementados.Notícias de que um rapaz de 6
anos tinha sido acusado de assédio sexual por beijar uma colega, adolescentes
suspensos por usarem antisséptico bucal após o almoço; e uma professora
despedida por repreender um estudante mal-comportado, só pioraram a sua condição

O Bom Senso piorou ainda mais quando os pais repreenderam os professores por
fazerem o trabalho que lhes competia, o de disciplinarem os próprios filhos.

O Bom Senso perdeu a vontade de viver quando as Igrejas se transformaram
em empresas;
E os criminosos passaram a receber melhor tratamento que as vítimas.

Bom Senso ressentiu-se quando já não se podia defender dum
ladrão em sua casa e este o podia acusar de agressão.

Bom Senso desistiu
de viver depois de uma mulher incapaz de compreender que um café fumegante estava
quente, derramou um pouco nas coxas e recebeu uma indenização monstro por isso.

Bom Senso foi precedido no seu falecimento pelos seus pais, Verdade e
Confiança; sua mulher Discrição e suas filhas, Responsabilidade e Sensatez.

Sobreviveram-lhe 4 enteados:
Conheço os meus direitos;
Quero Isto Já;
A Culpa Não É Minha e
Eu Sou Uma Vítima.

Poucos foram
ao seu funeral, pois poucos deram pela sua morte.
Se ainda o recordarem
reencaminhem a notícia, se não,
que descanse em paz.

(Desconhecido)